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Entrevista com um dedicado profissional de saúde

 

        

Os profissionais de saúde merecem todo o nosso respeito, principalmente num momento tão difícil como esse



 

 

Nome completo: Jailson Pereira.

Idade: 49 anos.

Profissão: Técnico de enfermagem.

Locais de trabalho: Casa de saúde São José de Humaitá e Hospital Universitário Grafréé  

                                  Guinle

 

Como você se sentiu quando teve Covid-19?

Entre o mês de março e abril, eu contraí o Covid-19. Esse era um período ruim porque ainda não havia um protocolo estipulado para o tratamento. Todos ainda estavam tentando entender sobre a doença, o que fez com que eu me sentisse muito sozinho, tive medo. Em todos os lugares onde busquei cuidado o protocolo era: não fazer nada, não tomar nenhum medicamento e, embora eu seja da área de saúde, tive muito medo, medo de contaminar a minha família, medo de que eles passassem pelo que eu estava passando e muito medo de vir a falecer.

 

 Quais os sintomas?

Eu tive sintomas diversificados: dor na garganta, perda de paladar, perda de olfato, dor de cabeça, febre muito alta ( 39,5°), muitas dores nas pernas, dores nas costas, aperto no peito e falta de ar. Mas, o que eu observei é que a gente se sente muito sozinho e a maioria das pessoas acabam entrando em depressão. Eu acredito que essa seja a maior causa dos óbitos, porque quando o paciente está isolado, sem ver a família ele acaba entrando em depressão, se não estiver sedado.

 

 Durou quanto tempo?

No meu caso, o Covid ficou, mais ou menos, 24 dias. Algumas pessoas retornaram ao serviço em seis, sete dias, tiveram Covid assintomática e eles retornaram antes. Eu tive Covid num momento muito ruim, foi entre março e abril que ainda não tinha um protocolo de tratamento estipulado.

Depois disso os médicos começaram a administrar alguns medicamentos (antibióticos). Alguns colegas que tiveram depois de mim, puderam ser tratados e eles voltaram com um tempo menor ao trabalho, uns 14 dias, outros 7. No meu caso, como eu tive um quadro mais grave, voltei depois de vinte e cinco dias para trabalhar.

 

 A pandemia está diminuindo? 

Eu avalio pela quantidade de pacientes que  tenho no meu trabalho: entendo que está mais controlada, porém não é momento podermos baixar a guarda, devemos evitar aglomeração, continuar com o protocolo de segurança, lavar as mãos, mas acredito que sim, que está ficando mais controlado sim.

 

Qual a faixa etária que mais pessoas têm se contaminado?

Eu vou dar uma opinião particular. Acredito que são os jovens porque eles não respeitam o protocolo de segurança e a maioria é assintomático e eles não procuram fazer o teste. A gente acaba vendo apenas os mais idosos, com algum tipo de comorbidade, esses pacientes são os que vão para as estatísticas, mas isso não quer dizer que sejam a maior parte dos infectados. Eu tenho amigos mais jovens que também se contaminaram e eles tiveram sintomas leves.

 

Como vocês, profissionais de saúde, se previnem?

Nós temos um protocolo de uso de EPIs. A gente tem treinamento de colocação e retirada dos equipamentos de segurança, são equipamentos bem rigorosos de pessoas que já estiveram na linha e frente de outras pandemias e é isso que de uma certa forma nos dá uma segurança.

 

Quais conselhos você dá para a população?

Fique em casa, se proteja, cuide dos seus entes queridos, lave as mãos, não assistia notícias sobre Covid todos os dias, se acalme, procure coisas boas, porque quando a pandemia passar, nós poderemos nos abraçar muito, muito, muito!


Entrevistador : Jorge Samuel